“Mel” estreia no evento “Aspetos da Dança Portuguesa Contemporânea”, um ciclo organizado pelo Serviço ACARTE que, no final da década de 1980 e nos primeiros anos da década de 1990, participa na reconfiguração e afirmação de práticas artísticas e sociais em Portugal, concorrendo para o surgimento do que será designado como a Nova Dança Portuguesa.
Em “Mel”, Andermatt aborda diferentes dimensões da dependência, a doçura perigosamente sedutora. Uma obra dançada por sete bailarinos, a primeira na qual a criadora não é intérprete. Recorrendo a símbolos e a metáforas, à repetição de gestos obsessivos e alguns violentos, remete para um imaginário coletivo de onde emanam diferentes formas de dependência. O absurdo e a comicidade, subtilmente presentes, retratam a ambiguidade das coisas e das relações.
“Não existe distinção de personagens nem de sexo. Só Arlequim, ser malicioso, instável, indeterminado, inconsciente, sem ideia, sem princípios, sem carácter. Vive em situação conflituosa por não conseguir tirar conclusões – só assim, sem bem, sem mal. Só. Apesar de tudo, penso que somos todos inocentes.”
Clara Andermatt (1991)
Menção Especial do Prémio Maria Madalena Azeredo Perdigão (1991) - “Aspectos da Dança Contemporânea” da Fundação Calouste Gulbenkian - Serviço ACARTE