"O Canto do Cisne" foi uma das últimas peças dançadas pelo Ballet Gulbenkian antes da sua extinção. Desafiada pela Companhia Nacional de Bailado, a coreógrafa revisita a sua peça juntamente com a equipa artística original.
A partir do tema lançado na altura, “O fascínio dos mundos distantes”, Clara Andermatt procura o desconhecido pela via do mistério e da surpresa em direção ao que provavelmente de mais enigmático existe em tudo o que desconhecemos: a morte. Formalmente a coreógrafa escolhe como ponto de partida "A Morte do Cisne", de Camille Saint-Saens, pedindo a Vítor Rua que crie variações sobre o tema original.
Andermatt aborda a morte não como o final do que quer que seja, mas como princípio do futuro que ela contém, mergulhando na metamorfose e no seu poder transformador. É esse momento que a coreógrafa identifica como o canto do cisne. O presente acaba por se revelar como uma contínua constatação de que é passado e é simultaneamente futuro, porque tudo se encontra em incessante mutação. Uma ideia que Clara Andermatt enfatiza citando Peggy Phelan:
“Quando pensas que encontraste a forma de amar, de observar ou de lembrar alguém, já tudo mudou.”