Ao longo de milénios de evolução, os nossos cérebros aprenderam a marginalizar as percepções e os estímulos aparentemente desnecessários à sobrevivência; uma aprendizagem feita sob o estigma da Razão, responsável pelo sacrifício da faculdade de nos maravilharmos. O Circo abre portas à fantasia e à ilusão. Exige essa sensibilidade humana, que permite a suspensão do que é lógico e credível, para libertar a imaginação e o encantamento.
Neste espetáculo, inspirado em várias obras literárias de autores como Aldous Huxley, Angela Carter, Haroldo de Campos e Jorge Luís Borges, brinca-se com a perceção, subvertem-se as estruturas da racionalidade e liberta-se o espetador das cadeias do “princípio da realidade”.
De certa perspetiva, as coisas são como são, e da sua correspondência e nomes decorrem, forçosamente, uma ordem e governo perfeitos; de outra, o invisível possui mais realidade que o visível e a energia do desejo orienta o mundo.